Copos menstruais

07-07-2019

Um título muito simples, pois é mesmo de copos menstruais que vamos falar e da sua simplicidade existencial!

Mesmo que tenhas um corpo masculino, e estejas a ler este email, lê até ao fim. A meu ver, não há coisas só de mulheres ou só de homens. Há coisas humanas que, neste caso, são usadas por pessoas com corpo feminino, que não são tabu e que é tão bom poder falar e explorar.

Era o ano de 2008 e eu decidia experimentar algo novo - deixar para trás os pensos higiénicos e os tampões, para poder usar o copo menstrual.
Na altura fiquei tão maravilhada que em Abril de 2009 enviei um email a todas as minhas amigas a falar da minha experiência com, aquilo que eu chamei de, o copo mágico.


Mas antes disso,um pouco de história.

Os primeiros registos de absorventes são egípcios e datam por volta de 2000 a.C. Eram protecções internas feitas de papiro processado. Em Roma, os tampões eram feitos de lã macia e posteriormente aparecem, também, absorventes de lã nos manuscritos de Hipócrates, que viveu entre 460 e 370 a.C, na Grécia. Na Era Medieval e Renascença Europeia, eram usadas toalhas e almofadas feitas de gaze e pedaços de cambraia e de algodão envolvidos de musgos e outras gramíneas para aumentar a absorção. Observa-se que a menstruação, nesta época, era considerada como algo ruim e até venenoso, não representava apenas um período de não fecundação, mas a libertação de todos os possíveis excrementos ruins do corpo, que poderiam transmitir doenças. O sexo era desencorajado durante esse período, já que esse "veneno" poderia queimar a pele do pénis. É possível compreender que já era instaurado um imaginário negativo sobre o período menstrual.

Os primeiros absorventes desenhados para o consumo foram produzidos por volta de 1854, nos EUA. Existem registos de inventores americanos que procuram as primeiras patentes de um cinto com tecidos absorventes laváveis, pensado para substituir as toalhas usadas até então. O cinto, nesse caso, era necessário para a fixação do produto no corpo, ainda não eram usuais as tiras de adesivos coláveis, hoje encontradas na maioria dos absorventes externos. Paralelamente, na Alemanha, por volta de 1890, apareciam os primeiros absorventes descartáveis, de forma a serem colocados nas cuecas. Eram vendidos em caixas com seis unidades. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), enfermeiras francesas observaram que as faixas utilizadas para curativos poderiam ser úteis para a absorção do sangue menstrual, porque continham celulose, material com características mais absorventes que o algodão.

O protótipo para a produção de um absorvente como conhecemos hoje começava a ser traçado: retalhos de algodão, celulose, gaze e algo para fixa-lo às cuecas, prevenindo o seu deslocamento durante as actividades do dia-a-dia.

Encontraram-se registos de 1929 do médico americano Earle Haas (1888-1981). Ele desenvolveu tampões com aplicadores, que eram cabos de remoção. A sua invenção posteriormente transformou-se no Tampax, o primeiro absorvente interno com aplicador comercializado, e em 1974, é lançado o concorrente O.B., criado e desenvolvido na Alemanha, cujo o nome é originário em ohne binde, expressão alemã que em tradução literal corresponde a "sem toalha".
É possível que ainda seja pouco difundido por uma questão cultural que envolve a manipulação da vagina, assim como os tampões sobre os quais pairam muitas dúvidas. Como por exemplo: o uso de um tampão antes da iniciação sexual implicaria a perda da virgindade?

Outras questões relevantes dizem respeito à saúde da mulher e ao meio ambiente. Em 2015, a modelo americana Laura Wasser teve uma perna amputada quando contraiu uma rara doença provocada pelo uso prolongado de absorvente interno. O Síndrome do Choque Tóxico, uma complicação de infecções bacterianas, que envolvem bactérias estafilococos.

Existe uma repressão em relação ao próprio corpo e à sexualidade, em termos culturais e sociais. Há uma série de tabus como, por exemplo, que a menstruação é suja e que não se deve tocar a própria vagina. Há uma doutrinação para o desprezo do corpo da mulher por si mesma e pelos outros.
De volta a 2009, quando eu falava com as minhas amigas do copo mágico, a carta que lhes enviei espelhava maravilhamento e empoderamento, pelo uso do copo menstrual.

Porquê?

✨ económico
✨ prático, de fácil uso
✨ higiénico
✨ reutilizável
✨ amigo do ambiente
✨ confortável/cómodo
✨ contacto íntimo com o corpo, vagina e sangue menstrual
✨ auto-conhecimento
✨ não liberta odores
✨ previne infecções e não expõe o corpo a materiais tóxicos, tais como:

  • Dioxina, produto químico (pesticida) usado no branqueamento dos pensos e tampões.
  • Raiom ou Rayon, seda artificial fabricada através de fibras de celulose de algodão branqueado com cloro. É o tecido de base da maioria destes produtos e o que permite a absorção do fluxo menstrual.
  • Viscose, fibra artificial de celulose fabricada através de pedaços de madeira de árvore. Este material permite o toque aveludado.
  • Plástico e ftalatos, derivado de petroquímicos. Muito usado nos pensos higiénicos e nos aplicadores dos tampões.
  • Algodão não biológico, onde são usados inúmeros pesticidas para o seu cultivo e são geneticamente modificados.
  • Neutralizadores de odores e fragrâncias, contêm químicos e substâncias irritantes para as mucosas.


Nas primeiras vezes que o tentei usar não foi fácil, pois tive de me adaptar a algo novo e muito diferente. Pensei mesmo que era algo que não era para mim, pois não estava a resultar!
Era diferente na forma que é introduzido e no seu manuseio diário.
Mas depois deste período inicial de adaptação, passei a usá-lo mensalmente e com imensa alegria.

O copo menstrual é um recipiente, em forma de cone com uma haste ou aro na extremidade que se insere na vagina e que recolhe o fluxo menstrual, mas que não o absorve.

O fluxo fica retido no copo, até ser retirado. Depois de ser extraído é facilmente lavado com água. O copo menstrual pode ser usado desde o primeiro até ao último dia do ciclo menstrual. E o sangue pode ser entregue à terra, nas plantas, como nutriente para as mesmas e como uma dádiva sagrada (em breve escreverei mais sobre este assunto).

Por fim, e não menos importante, é preciso questionar a acessibilidade e necessidade deste produto às mulheres da actualidade. Ainda se trata de um produto inacessível a uma grande parte da população feminina. Há mulheres que utilizam miolo de pão para conter o sangramento e moradoras de rua também passam por esse problema.


Este mês, em forma de comemoração por um ano de abertura da loja online Awakened Body, vou oferecer um copo menstrual.

Este é o meu favorito e não tenho qualquer parceria com esta marca, mas tendo usado já algumas marcas, este copo é o de mais fácil remoção e introdução e é bastante maleável.

Este mês, em forma de comemoração por um ano de abertura da loja online Awakened Body, vou oferecer um copo menstrual.
Este é o meu favorito e não tenho qualquer parceria com esta marca, mas tendo usado já algumas marcas, este copo é o de mais fácil remoção e introdução e é bastante maleável.
Para concorreres, e até ao fim do mês,
1. Partilha esta imagem nas tuas redes sociais e "taga" o @awakenedbodyportugal
2. Faz um gosto neste post no instagram e no facebook + "taga" um@ amig@ nos comentáriosque gostasses de abraçar
3. Segue @awakenedbodyportugal.
E é isso!
Podes "tagar" muit@s amig@s, e para isso, fá-lo em diferentes comentários, pois cada comentário vale uma entrada.
@ vencedor@ será escolhid@ no dia 4 de Agosto, de uma forma aleatória.
Boa sorte!
Quando receberes o teu copo menstrual, irás receber também as instruções e as minhas dicas para usufruires da melhor forma deste copo mágico.
Mal posso esperar por ver esta mensagem espalhada pela web!

💃🏽 Menstruar é normal! 💃🏽