Dor e morte

12-02-2020

Uma entre muitas, com experiências que parecem pessoais, mas que são apenas experiências.

Da dor de muitas mulheres.

Da inocência de muitas outras que é igual para todas.

Menina dançante.

Menina cheia de informações.

Quem és tu?

Sou eu.

Eu sou tu.

Menina mulher.

De peito dorido.

Deixo-me morrer. Aquilo que tem de morrer.

Deixo-me arder. Aquilo que tem de arder.

Morre o sofrimento.

Morre a dor.

Morre o trauma.

Arde.

Ardem todas as mulheres que aparentam ser pecado.

Pois pecado é a vida que não é vivida em profundidade.

Pecado é não responder ao prazer.

Pecado é não sentir.

Pecado é não se entregar à paixão e aos sabores deliciosos de uma vida cheia, repleta e tão abundante de intensidade e luxúria.

Luxo de vida.

Luxo no prazer.

Luxo em responder a todas estas coisas insanamente prazerosas.

Sim, morri.

Morri eu limitada, morri eu que insistia em ser pesada e sem rumo.

Morri eu que não via nem sentia.

Morri eu que era fechada.

E agora?

Sim, agora vivo!

Mesmo com um triângulo em fogo no meu peito.

De punho em riste no centro de um círculo gigante de mulheres que se transforma numa linha sem fim de seres humanos em corpo de mamas e vaginas.

Sim, agora vivo!

Abraçando este corpo.

"Prazerando" nos dias de luz.

De dois meses de transformação.

De rosas mágicas e amarelos quentinhos.

De flores encantadas e de animais que sonham e aparecem quando menos se espera.

Rasgo o peito e deixo o fogo arder... em mim e de mim, na esperança que se contagie que contagie.

Pois que arda sempre sem parar.

Como semente de outros fogos, de outras paixões e de outras concretizações .

Em vida.

Em paixão.

Em entrega.

Em amor.

Em gratidão.