Frio

12-01-2021

Frio

Com as estrelas lá em cima no céu, bem brilhantes, bem luzidias, paro e escrevo.

Escrevo descrevendo, descobrindo, relembrando.

Lembro as passadas desta manhã numa caminhada gelada, refrescante e empoderadora.

Senti o solo debaixo dos pés.

Solo duro e gelado. Enregelado.

A lembrar que o frio penetra, mesmo na terra.

Estarão os seres do solo gelados também, parados?

Haverá uma real hibernação?

Parar.

Parar e sentir.

Parar e ouvir.

Eu não paro fisicamente, mas paro mentalmente.

Paro a identificação com padrões separadores e limitantes.

Paro a agitação.

Descanso na realidade.

A cada passo ouço o quebrar do gelo.

O quebrar do que pára o coração.

O quebrar de um frio amoroso e de um frio sentir daquilo que se apresenta todos os dias.

Sinto o frio e não o receio.

Sinto o frio e gosto-o.

Sinto o frio nas bochechas e sinto-me viva.

Sinto o frio como sinto o calor.

Deixo o frio ser aquilo que é.

E quando chego a casa, grata por este frio, aqueço-me com uma infusão simples de limonete e erva príncipe.