Frio
Frio
Com as estrelas lá em cima no céu, bem brilhantes, bem luzidias, paro e escrevo.
Escrevo descrevendo, descobrindo, relembrando.
Lembro as passadas desta manhã numa caminhada gelada, refrescante e empoderadora.
Senti o solo debaixo dos pés.
Solo duro e gelado. Enregelado.
A lembrar que o frio penetra, mesmo na terra.
Estarão os seres do solo gelados também, parados?
Haverá uma real hibernação?
Parar.
Parar e sentir.
Parar e ouvir.
Eu não paro fisicamente, mas paro mentalmente.
Paro a identificação com padrões separadores e limitantes.
Paro a agitação.
Descanso na realidade.
A cada passo ouço o quebrar do gelo.
O quebrar do que pára o coração.
O quebrar de um frio amoroso e de um frio sentir daquilo que se apresenta todos os dias.
Sinto o frio e não o receio.
Sinto o frio e gosto-o.
Sinto o frio nas bochechas e sinto-me viva.
Sinto o frio como sinto o calor.
Deixo o frio ser aquilo que é.
E quando chego a casa, grata por este frio, aqueço-me com uma infusão simples de limonete e erva príncipe.