Uma Primavera muito diferente
Têm-me faltado as palavras ou tanto é remexido em termos experienciais que é difícil saber por onde começar e é necessário tempo de digestão de tudo o que está a acontecer no Mundo neste momento.
A verdade é que já há alguns anos esperava que uma revolução profunda mundial fosse acontecer, mas na verdade não esperava algo deste género: uma pandemia.
Basta aceder à internet para perceber que as teorias são imensas sobre o que é este vírus, porque está isto a acontecer, onde e quando esta situação começou e irá terminar.
Por muitas teorias que existam, venham elas de uma contemplação mental ou amorosa ou mesmo factual, eu decidi seguir o coração com lógica à mistura, pois então.
O que significa isto?
Hoje significa que acordo de uma forma simples, bem cedo (5:20), aprecio o amanhecer, envolta numa montanha recheada de um nevoeiro serrado. Uma montanha que descansa de uma noite chuvosa, de água que regou as plantas dos vegetais que coloquei na terra esta semana, que refresca as sementes de outros vegetais, as árvores que rebentam em flor prontas a dar fruta e mais fruta. E que refrescam os ânimos dos Portugueses que borbulham num fogo de impaciência, medo e tantas outras emoções.
Ouço a coruja e a água que corre no Ribeiro (imensa e forte).
Relembro o último sonho desta noite: andava nas ruas vazias de Itália.
Acendo o fogão para aquecer água, numa decocção de raízes anti-inflamatórias e de sumo de citrinos.
E preparo-me para a meditação diária.
Parece tudo normal, não parece?
Mas a verdade é que o Mundo está diferente. Estamos num período de profunda agitação que mexe e remexe em tanta coisa que tem de ser lidada com, que tem de ser vista, que tem de ser eliminada e largada. E, ao mesmo tempo, é um período de paragem, de estar dentro, de usar todos os sentidos para se ser.
É um período de absoluta e profunda mudança mundial.
Que cada um de nós está diariamente em mudança é verdade, mas um vírus que afecta todas as pessoas do Mundo desta forma tão profunda e radical pede uma postura diferente e está a ter efeitos no momento presente que eu nunca presenciei nos meus 41 anos de vida.
Sinto-me privilegiada, abençoada e profundamente grata por estar onde estou, com quem estou e por tantas outras coisas. Por uma casa confortável e amorosa, por alimentos disponíveis na despensa e lá fora no terreno, por estar numa família gigante cheia de amor e união (com o meu marido, a minha família de sangue no Porto, a minha família Inglesa a tantos quilómetros de distância e a minha família espiritual que está aqui a 7 minutos de distância e muitos outros que estão espalhadas por aldeias vizinhas, outros cantos de Portugal e países do Mundo), pela internet e pelos telefones que nos permitem comunicar com todos, pela vontade de não sobreviver, mas de viver em profunda alegria e disponibilidade para o que quer acontecer, de estar ao serviço deste Universo imenso.
Um Universo, Deus(sa), Luz, Amor que agem de forma misteriosa e à(o) qual só nos resta render, prostrar.
Desta forma, o melhor e o pior de cada um vem à tona. E assim, tantas oportunidades de escolher o caminho da (re)volução e da transformação.
Claro que há receio à mistura e insegurança, mas a minha atenção não está aí.
Abraço todas as emoções que surgem (um leque enorme!) e faço uma escolha constante de ser, com curiosidade e com um desabrochar da verdadeira essência humana.
Abraço a dor da distância física, da mudança radical e da morte.
Abraço a confusão e a incompreensão.
Abraço a aceitação do que está a acontecer.
Abraço o amor que sou e a vontade de o expressar.
Abraço a paragem e a acção que é pedida.
Abraço a escuridão e a luz.
Abraço a incerteza.
Só temos o momento presente e a isso respondo.
Numa Primavera que chegou chuvosa e fresca e cheia de incerteza, mas de muita luz e imensidão de amor.
Por agora, em Portugal, temos um Estado de emergência. Assim foi declarado pelo Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa.
O que fazer?
O que ser?
Como responder?
Apenas tenho a minha experiência para partilhar convosco.
É isso que tenho feito e que irei continuar a fazer.
Estes tempos pedem comunicação e partilha.
E entrega profunda.
Estamos junt@s, agora e sempre!
Em amor, gratidão e entrega.
Raquel PW
P.S. - Estes podcasts (em inglês) têm sido maravilhosos e este trouxe-me uma nova perspectiva também.
P.S.2 - Segue-me nas redes sociais para saberes como tenho
respondido a estes tempos.